quarta-feira, 6 de julho de 2016

DVD – CREPÚSCULO DOS DEUSES

Sunset Boulevard
Ano de produção: 1950
Direção: Billy Wilder
Elenco: Gloria Swanson, William Holden, Erich Von Stroheim.
Duração: 110 minutos
Preto & Branco

Gravadora: Paramount



             

Se você nunca viu “Crepúsculo dos Deuses”, pare de perder seu tempo agora. É um dos melhores filmes de todos os tempos, e foi com dor no coração que eu não o incluí na minha lista de “Cinco Clássicos Favoritos”, que, aliás, você encontra no Arquivo do Blog (eu falo que odeio listas!!!). Cruel, sacana e envolvente, é o melhor filme que Hollywood já fez sobre si mesma. Dirigido pelo mestre Billy Wilder (“Quando Mais Quente, Melhor”), que também é um dos autores do (espetacular) roteiro, este drama psicológico foi lançado em DVD pela Paramount em uma edição que é o sonho de qualquer cinemaníaco fã da Old School: barato (custa em torno de R$15,00), com imagem e som restaurados à perfeição e uma tonelada de material raro e interessante como extras. Quem disse que nós queremos mais do que isso?
Muito já foi escrito sobre este clássico, e textos brilhantes foram produzidos. Jamais vou conseguir chegar aos pés do talento destes autores, nem do seu conhecimento e capacidade de análise e observação. Já que é assim, vou tentar fazer aqui algo que eu nunca vi ninguém fazer na minha vida: um resumo de “Crepúsculo dos Deuses” que não contenha nenhum spoiler. Simplesmente porque este é o tipo do filme que quanto menos se souber sobre ele antes de assisti-lo, melhor. Para fugir dos seus credores (não vou contar como, pois o primeiro spoiler já estaria aí), o escritor fracassado Joe Gillis (vivido pelo gracinha William Holden) vai parar em um casarão onde vive a excêntrica ex-estrela de cinema mudo Norma Desmond (em interpretação no mínimo magistral de Gloria Swanson), que enlouqueceu e pensa que ainda é famosa e adorada pelo público. Além dela, o único morador do casarão é o seu mordomo, Max (Erich Von Stroheim), que só a atura porque... Bem, porque ele guarda um segredo. Aos poucos, Norma vai arrastando Joe para o seu mundo de loucura, e essa insanidade tem consequências trágicas. Em pouco mais de uma hora, o genial Billy Wilder e o igualmente genial elenco nos mostram o quanto a indústria do cinema (da mídia, em geral) pode ser ingrata com as estrelas que cria, explora e depois descarta. A cena em que Norma retorna ao estúdio é a mais tocante, nesse sentido. Falando em elenco, celebridades reais fazem pontas no filme, como o cineasta Cecil B. De Mille, a jornalista Hedda Hopper e o comediante Buster Keaton – no papel deles mesmos. Os figurinos da renomada Edith Head criaram moda na época e, juntamente com a trilha sonora arrepiante de Franz Waxman e a fotografia de John F. Seitz (para não falarmos das locações escolhidas pelo próprio Wilder), ajudam a criar o clima tragicômico e sinistro que essa bizarra história exige. Mas me perdoem: o show aqui é de Gloria Swanson. A Norma Desmond que ela criou é irritantemente maravilhosa, é maravilhosamente irritante. Desperta encantamento, raiva, surpresa, e às vezes até piedade – só não desperta indiferença. O filme, vale lembrar, tem uma das sequências de abertura mais imitadas de todos os tempos e um dos finais mais apoteóticos dos anos 1950. Duvido que você consiga respirar antes dos créditos finais. Aula de cinema por R$15,00 não se encontra todos os dias - portanto, aproveite. Mais que imperdível, obrigatório.





Curiosidades:
● As fotos e filmes utilizados no clássico são material original. Os retratos que decoram a casa são da própria Gloria Swanson quando jovem, e o filme antigo assistido por ela e Joe chama-se “Minha Rainha” e realmente havia sido dirigido por Erich Von Stroheim (que também era diretor) e estrelado por Gloria na vida real, anos antes – mas nunca foi terminado nem lançado.
● Embora indicado para 11 Oscars, o filme venceu apenas três: Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora. Merecia todos. Para mim, uma das maiores injustiças da história da Academia.
●A sequência original imaginada para o clássico não é a que o público conhece, mas outra, bem diferente, muito mais mórbida e irônica. Não vou entregar qual é, porque o material extra do DVD mostra isso em detalhes.
●O papel de Norma Desmond foi oferecido a Mae West, Mary Pickford e Pola Negri, antes de Gloria Swanson aceitá-lo.  


EXTRAS: Espetaculares. O próprio painel para escolha de idiomas e cenas já é uma obra de arte – muito bonito e organizado. A quantidade e qualidade dos Extras também é um banquete para os fãs: dois documentários sobre o clássico (um deles é uma análise feita pelo autor de uma tese que teve Billy Wilder como tema), making of, um mapa com as locações (todas reais) do clássico e que fim levaram hoje em dia, minidocumentário sobre Edith Head, documentário sobre a trilha sonora, trailer original da época, e o mais inacreditável: cópias das duas versões originais da sequência de abertura do filme. Atenção, distribuidoras e gravadoras que lançam filmes pré-1980, principalmente no Brasil: tomem como exemplo este DVD de “Crepúsculo dos Deuses” e cacem o máximo possível de material extra para o deleite dos fãs nerds (nos quais eu me incluo). E, pelo amor de Deus, lancem os clássicos com esta mesma qualidade de som e imagem que se vê neste aqui. E por um preço tão acessível quanto. Meus parabéns ao pessoal da Paramount envolvido na elaboração deste DVD!

Embalagem: Bacaninha, com fotos no interior. Há uma edição com estojo de papelão por cima e foto do filme como brinde (igual à de “O Indomado”), mas esta garimpada por mim é a versão mais simples mesmo.

Link do Trailer no Canal do Poltrona R:

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