quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

THE MONKEES – OS “BEATLES DA COMÉDIA” QUE VIRARAM COISA SÉRIA


 

“LOUCURA! Testes para 4 rapazes insanos entre 17 e 21 anos de idade, com coragem para trabalhar.” Esse anúncio já foi colocado em um jornal dos Estados Unidos. Fake news? Que nada, isso realmente aconteceu. Foi no ano de 1966, quando a emissora de televisão NBC procurava quatro atores, com experiência como músicos, para estrelar um seriado que parodiaria o então fenômeno mundial, os Beatles. Foi assim que outro fenômeno surgiu – os Monkees. Concebidos como uma paródia dos Fab Four (os quatro fabulosos), os Monkees ganharam o apelido de Prefab Four (os quatro pré-fabricados). Eram quatro rapazes que atuavam e cantavam, e foram recrutados por uma emissora de televisão norte-americana para interpretar os integrantes de uma banda fictícia... que acabou virando uma banda de verdade.

Tá boiando? Beleza, vamos começar a história do começo. Em 1964, como se sabe, os Beatles estavam bombando, e o filme “A Hard Day’s Night – Os Reis do Ieiê”, comédia musical estrelada pela maior banda de todos os tempos, estava estourando as bilheterias do mundo inteiro. (Link do filme em espanhol: https://www.youtube.com/watch?v=pC78ivNiP28&list=PLKMRRSzvjjs4e1L49qohEb2JNFWfDgj-q). Rodado em preto e branco, o clássico retratava a beatlemania no auge, com todo o seu delírio e histeria. Por isso, acabou se tornando uma excelente maneira de promover música, a exemplo do que Elvis Presley já andava fazendo (aliás, neste blog já falei de um filme do Elvis https://poltrona-r.blogspot.com/2016/12/dvd-o-seresteiro-de-acapulco.html).



Bem nessa época, o produtor norte-americano de televisão Bert Schneider viu “Os Reis do Ieieiê” e pirou. Criar um projeto inspirado naquele filme tornou-se uma obsessão para ele. Esse projeto foi uma série cômica sobre uma banda de rock, e foi desenvolvido em parceria com Bob Rafelson. E é aí que entra o anúncio bizarro que você viu no início desse texto. Ele foi publicado em jornais de grande circulação da época, para que candidatos aos papéis dos quatro integrantes da futura banda de mentirinha aparecessem (e um montão apareceu). As personalidades dos 4 rapazes escolhidos tinham que ser não somente bem diferentes uma da outra, mas atraentes e interessantes, para que cada fã pudesse venerar o seu Monkee preferido. Talento musical era o de menos. O nome da banda (“monkeys”, macacos em inglês, com a grafia modificada) satirizava Beatles (mistura de “beetle”, besouro, com “beat”, ritmo, batida).  Veja um vídeo com os testes dos caras: https://www.youtube.com/watch?v=63nhSFFFfJ4


Procura-se macaquinhos! O anúncio dos produtores da NBC no jornal.


Os eleitos foram quatro figuraços: Davy Jones (voz e percussão), Mike Nesmith (voz e guitarra) Micky Dolenz (voz e bateria) e Peter Tork (baixo, teclado e voz). Mike Nesmith era um músico com influência do country/folk music e excelente compositor; Peter Tork era o multi-instrumentista; Micky Dolenz, o ex-garoto prodígio (quando criança, ele havia estrelado uma série de televisão chamada "O Menino do Circo"); e David “Davy” Jones, um inglesinho com experiência em atuação na Broadway. Quatro moleques sem a menor noção do que estavam fazendo, mas prontos pra embarcar em qualquer loucura. “Tínhamos entre 19 e 21 anos na época”, Davy confessaria, décadas depois, em uma entrevista. “Não pensávamos, apenas agíamos”.

A estratégia de marketing para lançamento da série “The Monkees” foi absolutamente genial. O primeiro single do grupo, “Last Train To Clarksville”, foi para as rádios antes da estreia da série e emplacou de cara, alcançando rapidinho o topo das paradas de sucesso, mesmo sem ninguém saber que raio de grupo era aquele que soava quase como os Beatles de 1964 (https://www.youtube.com/watch?v=MG-DXGKDBcA).

 

 

A curiosidade do público logo foi satisfeita com uma cacetada de materiais promocionais que saíram nas revistas e jornais. Eram anúncios, fotos e até artigos (pagos, é claro) apresentando a banda ao público, integrante por integrante, e comunicando – olha que legaaaal – que eles estrelariam uma série de comédia, que começaria a ser exibida no canal NBC no mês seguinte. Tudo feito para que os Monkees virassem assunto nacional. E viraram. O caminho para o sucesso da série estava aberto. Com o programa há apenas 30 dias no ar, o álbum completo da banda, muy criativamente batizado de “The Monkees”, tornou-se o mais vendido nos Estados Unidos. O sucesso musical foi obviamente turbinado pela incrível audiência das aventuras televisivas dos amalucados rapazes.

Nada parecido tinha sido visto na TV até então. O seriado “Os Monkees” continha muito humor físico e pastelão, e um estilo nonsense, carregado de piadas colegiais, quase infantis. A criatividade dos roteiristas era impressionante, e a capacidade deles de “viajar na maionese” ainda surpreende quem assiste à série, mesmo após mais de 50 anos. Sarcasmo, situações absurdas, metalinguagem (frases do tipo “Se liguem na ideia incrível que Micky teve!”) e a quebra da quarta parede (cenas em que os personagens olham para a câmera e se dirigem ao público). Era um humor inocente, sem qualquer pretensão que não fosse provocar boas risadas nos espectadores. A trilha sonora, toda composta por Tommy Boyce e Bobby Hart, virou cult.



Não era muito difícil imaginar por que os Monkees viraram ídolos juvenis. Os caras eram tão espontâneos e engraçados que o diretor da série, Jim Frawley, passou a incentivá-los a improvisar em cena, em vez de se prenderem ao script. A atmosfera propositalmente tosca no set de filmagem começava nos camarins, de onde os quatro moleques já saíam fazendo palhaçadas. O efeito colateral era que eles enlouqueciam todo o pessoal dos bastidores durante cada gravação. No estúdio de música, porém, era necessário ter disciplina, e o produtor Don Kirschner, que tinha fama de durão, foi recrutado para cuidar da trilha sonora. Ele passou a ter total controle criativo – isso significava escolher as canções, os produtores, os compositores e tudo o que envolvia a elaboração da parte musical dos Monkees.

Havia, entretanto, um pequeno detalhe: desde o início os Monkees eram uma legítima banda de Taubaté. As canções deles eram interpretadas por músicos de estúdio e eles não tocavam nem cantavam nada, apenas fingiam fazê-lo. Além de odiar o fato de que suas músicas não eram gravadas por eles próprios, os Monkees odiavam o repertório. Para piorar, nenhum dos quatro integrantes tinha autorização para saber quem eram os artistas de estúdio que faziam o som que eles apenas fingiam cantar e tocar.



No geral, o público dos Monkees era sub-14, uma molecada que não estava pronta para álbuns como “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles ou “Pet Sounds” dos Beach Boys. Em 1967, aconteceu algo inimaginável: os Monkees venderam 35 milhões de discos só naquele ano, superando os Rolling Stones e até os próprios Beatles. Porém, vender tanto disco não fazia dos Monkees uma banda de verdade, se é que vocês me entendem. Eles apenas faziam o papel de uma banda na TV. O problema é que o público, como se sabe, não é exatamente bom em distinguir entre a fantasia que vê na telinha e a vida real.

Tanto é que chegou um ponto em que a linha entre ficção e realidade foi praticamente apagada, e Mick, Davy, Michael e Peter decidiram que virariam um grupo musical de verdade. Para isso, eles passariam a gravar eles mesmos as suas músicas, e cairiam na estrada fazendo shows. Porém, por questões contratuais, eles não puderam colocar esse plano em prática.



Isso gerou revolta da banda contra o empresário Don Kirschner. Bob Rafelson e Bert Schneider tomaram as dores dos rapazes e permitiram que, aos poucos, os Monkees fossem introduzindo participações de verdade em seus próprios álbuns. A esta altura, a monkeemania (que, tá certo, não era nenhuma beatlemania, até porque os Monkees estavam longe de ser os Beatles) já tinha tomado conta dos States. Kirschner contratou o então desconhecido letrista Neil Diamond, que fez para eles “I’m a Believer”, canção que acabou se tornando o maior sucesso da banda (e que a galera mais jovem conheceu na trilha da série de animação “Shrek”, campeã de bilheteria (https://www.youtube.com/watch?v=a3bI7kbVBwM).

Foi a deixa que faltava para a monkeemania explodir, desta vez no resto do mundo. Os Monkees emplacaram dois discos na lista dos mais vendidos – um no primeiro lugar, outro no segundo. Detalhe: um deles tinha sido lançado sem que a própria banda tivesse sido avisada. Foi então que os quatro macaquinhos resolveram finalmente colocar o pé na estrada e tocar de verdade. Ao contrário do que eles temiam, o sucesso foi enorme, o que fez com que a autoconfiança deles como músicos crescesse. Desnecessário dizer que Kirschner surtou. O empresário queria porque queria ter o controle total sobre os jovens astros. E isso significava manter a farsa. Afinal, a música era o mais importante na série.



Resultado: Don Kirschner colocou os Monkees no pau! Durante uma reunião que teve a presença do advogado de Kirschner, Herb Moelis, e que terminou com Mike Nesmith quase socando a cara do empresário (ele preferiu socar uma parede), ficou decidido que o contrato não seria violado. Porém, cada monkee receberia um pagamento por direito autoral no que hoje equivaleria a quase dois milhões de dólares.

O inesperado então aconteceu: por causa de um rolo envolvendo direitos autorais com outro projeto seu, Kirschner acabou sendo demitido (enfim, a hipocrisia!). Com o empresário de fora da jogada, Peter, Micky, Davy e Mike enfim puderam assumir as rédeas da própria carreira, ainda mais porque a produção da série televisiva logo seria encerrada e eles teriam mais tempo de sobra.



Acontece que, como músicos, os Monkees verdadeiros não chegavam aos pés dos artistas de estúdio que antigamente gravavam as canções do grupo. Por esse motivo, os quatro demoravam mais do que o normal para gravar cada faixa. O mais grave, entretanto, nem era isso. Sem contar com a máquina marketeira de Kirschner por trás da banda, os Monkees não conseguiam emplacar mais hits. Consequentemente, a audiência da série despencou.

Os louros da fama ainda não haviam murchado de vez. Em 1967, quando os Monkees foram para Londres para participar de um show de TV, rolou algo surreal: eles foram recebidos por ninguém menos que Paul, John, George e Ringo – os Beatles de verdade! O encontro do grupo americano com seus ídolos e inspiradores ingleses dominou a mídia britânica e foi assunto mundial. Os Beatles chegaram a dar uma festa para os Monkees. Sério, eu não consigo imaginar uma honra maior para alguém, ainda mais para quatro moleques americanos que, como músicos, ainda eram meia-boca. Sim, porque eles soavam como uma banda de garagem engraçadinha, mas musicalmente não tinham nada a ver com o som que dublavam na série.



Por mais oba-oba que o encontro dos Beatles com os Monkees tenha gerado, não foi um empecilho para que o grupo americano começasse a perder o controle da situação. O quarto álbum dos Monkees apenas macaqueava (com e sem trocadilho!) o estilo que Kirschner havia cuidadosamente elaborado. Apesar disso, ou talvez por causa disso, foi o quarto álbum que o grupo cravou seguidamente no topo das paradas de sucessos. Na série de TV, o humor interno se tornou mais frequente e o escracho que existia desde o primeiro episódio da primeira temporada rolou ainda mais solto. E os hits lançados na trilha sonora continuavam emplacando mundo afora.

Só que nem tudo era essa maravilha. Os quatro rapazes começavam a sentir que a banda não iria durar por mais tanto tempo. Sentiam que era o começo do fim.

Não para Bob Rafelson e Bert Schneider, que decidiram enriquecer o currículo dos caras, colocando-os para estrelar o primeiro longa-metragem deles. “Head – Os Monkees Estão Soltos” saiu em 1968, cinco meses antes do cancelamento da série. “Head” unia o humor negro à psicodelia, com uma pitada de crítica política. Era dirigido pelo próprio Rafelson e tinha como roteirista um jovem ator ainda desconhecido, um tal de... Jack Nicholson (não, não é zoeira). Inclusive, o próprio Jack faz uma participação vapt-vupt no filme. Pra quem está com o inglês afiado, eis o link desta pérola trash-pop-cinematográfica completa: https://www.youtube.com/watch?v=Q4nT-5DyjX0 Infelizmente, não encontrei em português. Mas só pelo trailer, já se pode ter uma ideia do nível de xaropice da coisa:

 


“Head – Os Monkees Estão Soltos” era um tanto à frente do seu tempo, e por isso, fracassou colossalmente nas bilheterias. Os álbuns dos macaquinhos estavam despencando nas paradas, pois não havia mais o seriado para divulgar as canções. Como se fosse pouco, Schneider e Rafelson haviam ganhado muito dinheiro com os Monkees, e usaram essa grana para fazer o icônico “Easy Rider”, o filme favorito dos motoqueiros e aventureiros até hoje. (Olha o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=GwST6mpT7Ds&t=26s) E deixou os Monkees com uma mão na frente, outra atrás. Entretanto, este não era o único problema que Davy, Micky, Peter e Mike estavam tendo que encarar. Tretinhas por causa de ego e de grana, estresse, desejo de abandonar o grupo e para fazer cada um seu próprio trabalho, e pura e simples falta de saco levaram os Monkees a se separar.

O fim da banda levou os quatro integrantes à depressão, pois, separados, nenhum deles sabia direito quem era. “Não havia o que fazer nem para onde ir”, chegou a dizer Davy, em uma entrevista. Dos quatro, Peter foi o que mais se deu mal: ficou sem um tostão, foi abandonado pela namorada (mãe de sua filha) e chegou a ser preso com drogas.  

Durante os anos 70, os rapazes realmente seguiram a carreira solo, como desejavam – todos no ramo da música. Apenas Micky, o mais experiente na profissão de ator, continuou representando.

Mas esperem... A história ainda não terminou! Nos anos 80 rolou uma nostalgia dos anos dourados e uma vontade de ouvir e dançar o rockzinho antigo. Davy, Micky, Peter e Mike viram a bola quicando na frente do gol e chutaram: em 1986 eles se reuniram novamente e montaram uma turnê que relembrava seus hits dos tempos de glória. Foi um sucesso. Depois disso, Mike herdou uma fortuna de sua mãe (a inventora do corretor líquido, o famoso “branquinho”) e abandonou o grupo para investir na produção de videoclipes.



Como a praga dos remakes pega quase todo mundo, ela também não poupou os nossos macaquinhos: em 1987 foi lançada uma nova versão do seriado, chamada “The New Monkees”. Trazendo Jared Chandler, Dino Kovas, Marty Ross e Larry Saltis nos papéis dos integrantes da banda, a série (adivinhem!) flopou: foi cancelada depois de apenas 13 episódios terem ido ao ar.

Infelizmente, nunca mais veremos a macacada reunida no palco novamente. Peter e Davy já não estão mais entre nós. Micky continua cantando e atuando, especialmente em musicais da Broadway. Mike virou apresentador de TV, escritor e produtor. Graças a Deus ainda temos a Internet, e quem era monkeemaníaco nos anos 60 pode relembrar os episódios. E não é só isso: ver a novíssima geração de fãs de música redescobrindo os Monkees é realmente uma delícia.


 Palavras-chave:   #TheMonkees   #Anos60   #SériesDeTV   #TheBeatles   #ComédiaMusical   


FONTES

http://www.davyjones.net/

https://www.monkees.com/#

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Monkees

https://www.monkeeslivealmanac.com/blog/category/saturday%20afternoon%20repeats

https://13thdimension.com/daydream-believing-the-hidden-history-of-the-monkees-in-comics/

https://ambrosia.com.br/musica/monkees-lancam-disco-ao-vivo-e-revivem-a-magia-dos-anos-60/

https://veja.abril.com.br/blog/temporadas/por-onde-andam-os-monkees/

 

Documentário MONKEES BEHIND THE MUSIC (inglês, sem legendas):

https://www.youtube.com/watch?v=_Jblsl29OaQ

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

FELIZ NATAL, LEITORES!!!

Este foi o ano mais esquisito de todos os tempos. Estou anunciando que durante o Natal estarei de férias e não farei publicações. Que venha 2021, lotado de esperança e de coisas boas! Abraços e muita gratidão por vocês terem me apoiado nessa minha retomada do blog. Que Deus abençoe muito a vida de cada um de vocês. Tenha um Feliz Natal, seja qual for a sua crença. #PazNoMundo

 




quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Direto do You Tube – O REENCONTRO INESQUECÍVEL DE DEAN MARTIN E JERRY LEWIS

 


    Assíduos frequentadores da “Sessão da Tarde” da Rede Globo nos anos 80 e musos das telas grandes na década de 1950, Dean Martin e Jerry Lewis formaram uma dupla de comediantes que inspira muita gente até hoje. Com um humor pastelão-raiz, eles se complementavam: Jerry era o bobo alegre atrapalhado, e Dean o amigo galã e pegador (Realista! Afinal, qual bobo alegre nunca teve um amigo galã pegador, e vice-versa?). Os dois começaram a trabalhar juntos, acredite, em 1946, em uma casa noturna. Estrearam no cinema em 1949, ano em que, pelas mãos de Hal Wallis – ninguém menos que o produtor dos filmes de Elvis Presley – ganharam papéis especiais no filme “My Friend Irma” (https://pt.wikipedia.org/wiki/My_Friend_Irma). A partir daí, foi um sucesso atrás do outro: “O Palhaço do Batalhão” (1950), “O Rei do Laço” (1956), “Ou Vai Ou Racha” (também de 1956), são títulos que estão no coração dos cinéfilos de verdade. Os filmes não impediram Jerry e Dean de continuar rodando os EUA com seus shows, sempre lotados. Como se fosse pouco, no auge do sucesso os dois comediantes ganharam até um seriado na TV, “The Colgate Comedy Hour”, patrocinado (isso mesmo) pela famosa pasta de dentes. Olha aqui um episódio: https://www.youtube.com/watch?v=4T5HpN8B2Qo






    Nem tudo, entretanto, foram flores. Justamente no momento em que a popularidade de Martin e Lewis atingiu o ápice, começaram as tretas. Os motivos são polêmicos até hoje. Tem gente que diz que era ego (um com inveja do outro), outros afirmam que era dinheiro (eles ganharam muita grana juntos), mas, durante uma entrevista reveladora feita no ano de 2005 (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0111200527.htm), Jerry Lewis contou algo inusitado: ele, na verdade, sentia culpa porque Dean Martin não teve o reconhecimento que merecia. Segundo ele, Dean nunca teve um ego grande, apenas ficava chateado de vez em quando. Era Jerry quem se incomodava porque o amigo era visto como “canastrão” e “artista fabricado”, coisas que, na opinião desta autora, Dean Martin jamais foi.




    No auge da celeuma, em 1955, com o povo especulando se Dean e Lewis estavam se estranhando por causa de inveja ou de grana (ou das duas coisas), a dupla garantiu ao público que os boatos sobre separação eram mentira, e fez isso cantando o clássico “Side By Side” , música que estourou na época e é interpretada até hoje por humoristas de stand-up lá fora (https://www.atribuna.com.br/2.713/jerry-lewis-foi-um-g%C3%AAnio-desprezado-nos-eua-afirma-cr%C3%ADtico-1.31805).

    Tudo teatro. Martin e Lewis só se falavam durante as gravações dos filmes. Fora isso, não trocavam uma palavra. O rompimento definitivo veio em 1956. A partir daí, cada um seguiu seu caminho – Jerry como comediante e diretor de jóias como a primeira versão de “O Professor Aloprado” (1963), e Dean como cantor e ator. Raramente, praticamente nunca, se viam.



    Em 1976, porém, Frank Sinatra armou um reencontro-surpresa entre Dean Martin e Jerry Lewis durante o programa “Telethon”, criado e apresentado pelo próprio Jerry (e que ganhou um remake aqui no Brasil). Na ocasião, fazia 20 anos que a parceria Martin-Lewis havia terminado. Sinatra, amigo em comum, tinha ido participar do programa como uma das atrações. O resto eu não vou contar, porque não dou spoilers. O vídeo deste momento tão importante na carreira do "Amore" e do eterno palhaço está aí abaixo pra vocês conferirem - com direito a um musical de Sinatra e Dean Martin no final. Realmente, é de arrepiar. Veja!  




FONTES 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_%26_Lewis

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0111200527.htm

https://cinemaclassico.com/curiosidades/os-ultimos-dias-de-dean-martin/

http://www.planetatela.com.br/critica/jerry-lewis-e-dean-martin-em-sessao-dupla-de-dvd/

https://pt.interestrip.com/why-dean-martin-and-jerry-lewis-split-up

https://www.atribuna.com.br/2.713/jerry-lewis-foi-um-g%C3%AAnio-desprezado-nos-eua-afirma-cr%C3%ADtico-1.31805

https://www.theguardian.com/film/2017/aug/20/jerry-lewis-obituary

 

LINK ALTERNATIVO

Vídeo do reencontro (sem legendas): https://www.youtube.com/watch?v=RRq2ed1fK2k